O escândalo que atingiu o Grupo Bom Futuro ganhou contornos ainda mais graves após o encarregado de logística Welliton Dantas confessar à Polícia Civil ter desviado mais de R$ 10 milhões da empresa. Preso em flagrante na quinta-feira (13), ele descreveu um esquema sofisticado e contínuo de manipulação de documentos internos — uma operação que, segundo a própria investigação, só cresceu porque encontrou um terreno fértil de vulnerabilidades dentro do sistema do grupo.
Welliton não agiu sozinho: ele apontou diretamente Vinícius de Moraes Souza, sócio da VS Transporte Bovinos, como parceiro no esquema. A dupla usava notas internas — que não exigem registro fiscal — para criar CTEs fraudulentos, simulando fretes que jamais aconteceram. Com acesso ao sistema, Welliton validava tudo e liberava os pagamentos, enquanto Vinícius emitia as notas falsas. As despesas, fruto de documentos duplicados e totalmente fictícios, eram absorvidas como se fossem serviços legítimos.
Enquanto o prejuízo do Bom Futuro crescia, o padrão de vida do encarregado explodia. Investimentos de R$ 500 mil, carros novos como um Volvo 2025 e um Creta, apartamento na planta e lotes em condomínio de alto padrão fazem parte da lista de bens adquiridos durante o período do golpe — um estilo de vida incompatível com sua função e que reforça a dimensão da fraude.
O esquema só desmoronou quando o próprio grupo identificou inconsistências contábeis e acionou a polícia. Mesmo às vésperas de ser preso, Welliton liberou R$ 210 mil em pagamentos fraudulentos — a prova de que o golpe permanecia ativo e em expansão. Ele diz estar “arrependido”, mas a Polícia Civil segue rastreando documentos, transações e patrimônio para confirmar o rastro milionário da dupla e identificar se houve mais beneficiários. A investigação continua e deve aprofundar responsabilidades dentro e fora da empresa.
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