A prefeita de Santo Antônio de Leverger, Francieli Magalhães (PSB), defendeu a preservação do território do município e destacou a necessidade de embasamento técnico antes de qualquer decisão sobre a transferência de áreas para outras cidades. Segundo ela, a identidade histórica e cultural da população precisa ser respeitada, e as mudanças não podem ser feitas sem um estudo detalhado e sem a participação das comunidades afetadas.
“Nós não queremos áreas de outros municípios, queremos o que é de Santo Antônio de fato, de história e de lei. Não estamos falando apenas de impacto financeiro, mas de histórias. Histórias das pessoas que residem em Santo Antônio, que têm sua cultura, sua tradição. Simplesmente tirar território de um povo e dizer que ele pertence a outro município não é justo, e eu, como prefeita, jamais vou admitir esse tipo de situação”, afirmou.
A polêmica envolve a redivisão territorial de comunidades que tradicionalmente pertenciam a Santo Antônio, mas que, por força de legislação, passaram a ser incorporadas a outros municípios. A prefeita citou o caso da comunidade Valo Verde, que foi transferida para Nossa Senhora do Livramento, mesmo tendo toda sua infraestrutura mantida pela administração de Santo Antônio.
“Hoje, em Valo Verde, nós temos escola municipal, poços artesianos, iluminação pública, e fomos surpreendidos com a informação de que agora pertence a Livramento. Como gestora, minha preocupação é: de quem é a responsabilidade? Das crianças que estudam lá? Dos professores efetivos do município? Precisamos de entendimento, de diálogo, não de leis que vêm de cima para baixo sem explicação”, argumentou.
Segundo a prefeita, cerca de 200 famílias podem ser impactadas pela nova demarcação territorial, que também envolve áreas de Juscimeira e Campo Verde.
Francieli Magalhães pediu que a Assembleia Legislativa analise com atenção os estudos técnicos desenvolvidos por sua equipe antes de qualquer mudança definitiva.
“O meu único pedido é que a Assembleia Legislativa olhe o nosso projeto, olhe o nosso estudo com muito carinho e dê à nossa população aquilo que ela precisa: resultados positivos. Não podemos simplesmente aceitar que Santo Antônio perca território sem um critério bem definido”, reforçou.
O deputado estadual Wilson Santos também se pronunciou sobre o tema e sugeriu um cronograma de visitas às comunidades afetadas para ouvir diretamente a população e os vereadores antes de uma decisão definitiva.
“Vamos visitar as câmaras municipais, ouvir os vereadores dos dois municípios e ir até as comunidades envolvidas. Caso o projeto não seja votado na Assembleia, a segunda etapa será um plebiscito em cada uma dessas localidades”, disse o parlamentar.
Santos também destacou que os prefeitos correm o risco de responder por improbidade administrativa caso continuem investindo em regiões que não pertencem mais oficialmente a seus municípios. Como alternativa, sugeriu que prefeituras firmem convênios entre si para garantir assistência às comunidades enquanto a questão territorial não é resolvida.
“Não é necessário repassar esse território para outro município imediatamente. Um município pode ajudar o outro por meio de convênios e, posteriormente, o próprio Estado pode ressarcir os investimentos feitos”, explicou.
A expectativa é que, no segundo semestre, a Assembleia Legislativa conclua as análises e apresente um relatório detalhado sobre a situação. Caso não haja consenso, a decisão poderá ser levada a um plebiscito, permitindo que os moradores escolham a que município desejam pertencer.
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