MARIA AUGUSTA RIBEIRO

Crianças e Telas: O Caminho para Adultos Adoecidos?

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As telas se tornaram companheiras inseparáveis das crianças, moldando não apenas seus hábitos diários, mas também seu futuro como adultos. No entanto, o que parece um brinquedo inofensivo pode semear problemas de saúde que se manifestam anos depois.

Observamos diariamente como as interações digitais influenciam o comportamento humano, e o excesso de telas na infância surge como um alerta urgente para pais e educadores. Afinal, quanto tempo uma criança passa diante de um dispositivo pode determinar sua resiliência emocional e física na vida adulta?

Primeiro é essencial entender os mecanismos por trás dessa exposição. Estudos mostram que o uso excessivo de telas interfere no desenvolvimento cerebral, afetando áreas responsáveis pela regulação emocional e pelo sono. Por exemplo, a luz azul emitida por smartphones e tablets suprime a melatonina, hormônio crucial para o descanso, levando a padrões de sono irregulares desde cedo.

Além disso, o conteúdo consumido ,muitas vezes repleto de estímulos rápidos e dopaminérgicos cria um ciclo de dependência similar ao de vícios, o que pode evoluir para transtornos mentais na adolescência e além. Transitando para os impactos a longo prazo, vemos que crianças com alto tempo de tela apresentam maior risco de obesidade, devido ao sedentarismo, e problemas cardiovasculares, como hipertensão, que persistem na fase adulta.

Contudo, o problema vai além do físico. Comunidades online de pais compartilham experiências de filhos com ansiedade e depressão ligadas ao uso digital descontrolado. Essas narrativas destacam como o isolamento social virtual substitui interações reais, enfraquecendo habilidades sociais e emocionais.

Em resumo, o que começa como uma distração inocente pode culminar em adultos com baixa produtividade, relacionamentos fragilizados e saúde mental comprometida. Para ilustrar, um estudo recente da American Psychological Association, publicado em junho de 2025, analisou o ciclo vicioso entre tempo de tela e problemas socioemocionais em crianças, concluindo que maior exposição leva a maior probabilidade de distúrbios emocionais, que se agravam na vida adulta. Essa pesquisa reforça a necessidade de intervenções precoces.

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Por outro lado, não se trata de demonizar a tecnologia, mas de equilibrá-la. A regulação das telas começa na infância, lembre-se uma tela é uma ferramenta não um brinquedo.

O futuro de adultos adoecidos não é inevitável se agirmos agora. Aqui vão três dicas práticas para mitigar os riscos:

1. Regra dos 3 Rs, Ritmo, rotina e ritual. Defina horários específicos para o uso de telas, priorizando atividades offline como brincadeiras ao ar livre. Pais deixem em suas agendas horaios para tempo de qualidade com seus filhos, mesmo que trabalhem muito todo mundo tem 15 minutos para falar com teu filho, comer algo  e ate usar as telas juntos

2. Monitore o conteúdo: Use ferramentas parentais para filtrar materiais com excesso de velocidade, consumo e brincadeiras inofensivas feitas por influencers adultos. E sempre que puder incentive jogos físicos e atividades que não precisem de muita infraestrutura, como jogo da velha, desenhar e beijos e abraços.

3. Incentive o equilíbrio: Integre rotinas familiares sem telas, como refeições conjuntas, falar sobre como foi seu dia ou apenas ficar lado a lado para fortalecer laços emocionais e reduzir dependência.

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Educar crianças para um uso equilibrado de telas é investir em adultos mais saudáveis, emocionalmente estáveis e preparados para os desafios de um mundo híbrido. Vamos construir essa ponte juntos?

Maria Augusta Ribeiro é especialista em comportamento digital e Netnografia no Belicosa.com.br

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O poder transformador do educador

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Nos últimos anos, o papel do professor tornou-se ainda mais visível e, ao mesmo tempo, mais exigente. As mudanças tecnológicas, as novas linguagens e o ritmo da vida contemporânea da sociedade desafiam diariamente o modelo tradicional de ensinar.

No entanto, em meio a tantas transformações, algo que permanece essencial é o vínculo humano. Desde o início desse ano letivo estamos percorrendo as 13 diretorias regionais de educação, da Secretaria de Estado de Educação, em um roteiro de reuniões de trabalho e visitas técnicas denominado ‘Giro pelas Escolas MT’.

Nesta semana, por exemplo, estamos no polo de Primavera do Leste realizando escuta ativa com a comunidade escolar, de forma qualificada, para garantir que os investimentos cheguem onde mais fazem diferença. Ou seja, no ensino e na aprendizagem, além do bem-estar dos estudantes e servidores da educação.

Já realizamos esse giro pelas regionais de Matupá, Barra do Garças, Pontes e Lacerda, Tangará da Serra, Rondonópolis, Confresa, Alta Floresta e Juína. As próximas etapas ocorrerão em Sinop, Diamantino, Cáceres e na Direção Metropolitana de Educação, em Cuiabá.

Estamos testemunhando que a sala de aula continua sendo o espaço onde o diálogo, o afeto e a escuta moldam profissionais conscientes do seu tempo e do seu papel social.

Por conta disso, tanto na Rede Estadual quanto nas redes municipais, reafirmamos a consciência de que a valorização dos professores não se faz apenas com palavras, mas com ações concretas.

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Ações que permitiram, por exemplo, que a educação estadual deixasse o 22º lugar no ranking do IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, em 2019, para ocupar a 8ª posição, colocando Mato Grosso entre os 10 melhores estados em educação pública do país.

O Regime de Colaboração entre o Estado e as prefeituras é outra ação concreta que contribuiu para que o nosso ensino fundamental superasse a meta de alfabetização de 59% em 2024, para 60,59% das crianças alfabetizadas ao fim do 2º ano do Ensino Fundamental. A meta agora é chegar a 100%.

Para a Seduc, não basta apenas aumentar a participação das escolas nas provas do SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica – e nas avaliações do IDEB, mas também elevar a rede estadual ao ranking das cinco redes públicas mais bem avaliadas do país até 2026. Vamos continuar melhorando a aprendizagem para obtermos melhores resultados forma contínua.

Por essa razão, a Seduc investe em formação continuada, em melhores condições de trabalho e na modernização das escolas públicas, porque entendemos que o aprendizado dos estudantes começa com o reconhecimento e o fortalecimento daqueles que os educam.

Não há dúvida que o professor é o coração pulsante da educação pública e nenhuma política educacional será efetiva se não estiver centrada nele.

Cada educador que entra em sala de aula leva consigo mais do que um currículo. Leva consigo as suas experiências, valores, cultura e compromisso com a vida. Eles são os mediadores entre o conhecimento e o mundo, entre o presente e o futuro.

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Os professores são quem acolhe crianças e jovens vulneráveis, quem incentiva o talento – muitas vezes tímido, quem ensina a perseverança em tempos difíceis, como ficou muito evidente durante a pandemia da Covid-19.

Acredito que sua presença no cotidiano dos estudantes é, muitas vezes, a diferença entre desistir e seguir adiante. É esse conjunto que faz de crianças e jovens protagonistas das suas próprias histórias.

Por isso, quando olhamos para o avanço da educação em nosso estado, enxergamos rostos, vozes e histórias. Pessoas que acreditam, todos os dias, que é possível transformar o mundo a partir da sala de aula. Que fazem da docência uma missão de vida.

Em Mato Grosso a educação pública cumpre o seu papel social justamente porque reconhece a grandeza do trabalho docente e o coloca no centro das políticas de Estado.

Valorizar o professor é valorizar a esperança e é com essa esperança que seguimos construindo um sistema educacional mais humano, equitativo e transformador.

O futuro que queremos para Mato Grosso passa, inevitavelmente, pelas mãos dos nossos professores. E é com gratidão, respeito e compromisso que reafirmamos: toda mudança verdadeira começa quando um educador acredita no poder de ensinar.

Alan Porto é secretário de Estado de Educação em Mato Grosso

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